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Foto do escritorProfessor Seráfico

Uns e outros

E necessário insistir: governos não erram, apenas escolhem os beneficiários de suas decisões. Alguns, como o do triPresidente Lula, têm que se submeter a práticas viciadas e danosas à sociedade. Mesmo assim, os números o dizem e a realidade comprova, o leque de benefícios aos que sempre perderam aparecem. Qualquer que for o resultado, isso não basta para autorizar toda sorte de abusos, nem apaga ações delinquentes praticadas por quem quer que seja. Ainda mais, quando essas ações apenas reproduzem outras, que se alega combater. É bem esse o caso do divulgado interesse do governo atual, em que seja mantido o sigilo de 100 anos criado pelo governo anterior, desta vez para encobrir e beneficiar atos ilícitos imputados ao atual Ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira. O segredo - repitamos, por necessário e oportuno - não aproveita se não àqueles que se suspeita envolvidos em ações condenáveis, pela opinião pública e, sobretudo, pela Lei. Sobre quem dele se utilizar, portanto, recairão iguais suspeitas, fazendo tabula rasa das práticas antes condenadas. O crítico de ontem assume os mesmos valores e condutas um dia criticados e condenadas. O abuso de poder e os atos igualmente ilícitos característicos de uma chamada Operação Lava Jato pôs a perder o que poderia ser momento importante de combate à corrupção. Diferente das situações em que se podem aplicar as expressões amor com amor se paga ou violência gera violência, a corrupção não pode ser combatida com corrupção. Se investigações constataram a existência de atos ilícitos na Petrobrás, uma vez provados não serão os atos também ilícitos da dupla Sérgio Moro-Delton Dalagnoll que as apagarão. A um lado - os acusados de participação nos fatos apurados - e ao outro - os condutores do processo que também delinquiram - devem ser aplicados todos os preceitos legais. Que lhes seja dado, como vem ocorrendo, todo o direito de defender-se, porque assim não se terá o devido processo legal. Que, porém, se reivindique ou defenda o sigilo que só aos delinquentes aproveita, é absolutamente inadmissível. Alguns dirão que a corrupção e o abuso do poder que alimentam o desejo e o empenho para impedir que a verdade venha à tona constituem forte componente de nossa cultura. Também essa não é mais que uma desculpa esfarrapada, ademais gerando a impressão de que os defensores de tão ignóbil tese desejam um dia ser beneficiados pelo sigilo. Esforçar-nos por alterar tais traços culturais é o mínimo que temos a fazer. Se é que pretendemos ser respeitados, como seres humanos e cidadãos. Uma questão de honra e dignidade. Sem as quais o homem que o é de fato não sobreviverá em paz, nem terá boas relações consigo mesmo.

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