O estado do Amazonas tem reconhecidas 17 línguas oficiais, das quais o português é apenas uma. Dezesseis línguas indígenas foram oficializadas em ato realizado na quarta-feira (19), em São Gabriel da Cachoeira. O Município fica a 800 km de Manaus, e é considerado a cidade mais indígena do Brasil.
Lei sancionada naquela data, sucedeu o lançamento da primeira Constituição Federal traduzida para o nheengatu, a única língua descendente do tupi antigo e ainda viva. Presente à solenidade, a presidente do Supremo Tribunal Federal e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Rosa Weber, destacou que o lançamento é um marco na história constitucional
“Certa de que o dia de hoje é um marco na história constitucional do nosso país, o meu desejo é de que sigamos avançando para, juntos, concretizarmos o que a nossa constituição almeja. Ou seja, que possamos construir juntos um Brasil verdadeiramente inclusivo”.
Rosa Weber lembrou que muitas palavras da língua portuguesa, como "guri" e "guria", comuns em seu estado de origem, o Rio Grande do Sul, também são de origem indígena. A ministra comentou essa mistura de expressões no evento que aconteceu na maloca da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro.
“Estamos hoje em uma maloca, que aprendi que significa ‘casa de gente’. Casa nossa, então, né? Diante disso, posso dizer que hoje estamos aqui, nesta maloca, onde vejo algumas crianças, guris e gurias, para tratar do futuro do Brasil. Do futuro da casa da nossa gente”.
Com a nova legislação estadual, as línguas oficiais do Amazonas passam a ser: Apurinã, Baniwa, Dessana, Kanamari, Marubo, Matis, Matses, Mawe, Mura, Nheengatu, Tariana, Tikuna, Tukano, Waiwai, Waimiri e Yanomami.
Também já está valendo a Política de Proteção das Línguas Indígenas, que inclui a garantia do direito ao pleno uso público da própria língua, dentro ou fora de terras indígenas.
Dentre as consequências da oficialização das línguas, a multiplicação do seu ensino, nos cursos oficiais do Estado tem significado especial. Sobretudo se em todas as escolas elas constarem dos currículos e se multiplicarem os cursos em todos os níveis, aos interessados em conhecer o passado das etnias a que correspondem. O que se prestará a fortalecê-las e criar mais um foco de resistência a qualquer tentativa etnocida. Já é hora!
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