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Foto do escritorProfessor Seráfico

O bom combate

Oportuna e necessária, a entrevista do sociólogo e advogado Carlos Santiago (À Crítica, 15-26/02/2025, p.A2) é também esclarecedora. O membro do Comitê de Combate à Corrupção aborda pontos fundamentais do processo eleitoral e das circunstâncias a ele vinculadas. Sem a pretensão de exauri-los, Santiago destaca eventos, cada qual com algum grau de ilicitude, cuja prevenção está ao alcance de órgãos e entidades que ainda militam a favor da república, do Estado Democrático e da dignidade humana. O advérbio de tempo justifica-se, por não haver desmentido quanto à observação de que tudo que é sólido desmancha no ar. O estado republicano, democrático e sob o pálio da ordem jurídica, cada dia mais ameaçado, não poderia ser excluído do contexto a que alude o sociólogo e advogado. Finalmente, toda e qualquer tentativa de suprimir ou dificultar o exercício de direitos duramente conquistados nos três últimos séculos agride a dignidade humana. Amesquinha-a e indica projeto dos mais monstruosos de que se pode ocupar a mente humana(?). Carlos Santiago menciona, pelo menos, a disseminação das fake-news, como nosso hábito macaqueador chama a mentira. A corrupção que compra mandatos e garante decisões de que se beneficiam os corruptores é outro dos pontos abordados pelo entrevistador. Quanto ao primeiro, as mentiras produzidas, multiplicadas, disseminadas e financiadas, nada mais deprimente. Coerente, porém, em tempo que atribui valor superior ao dinheiro e aos bens materiais que ele compra. Operação comercial que, sabido fartamente, se estende à opinião, à divulgação e ao voto de quem o tem. Na urna eletrônica, tanto quanto na bancada do Parlamento. Curioso e, simultaneamente patético e asqueroso, o silêncio quase absoluto a respeito de um dos polos do crime -: o que compra o voto e dele obtém a satisfação de todos os seus interesses. Não só os de enriquecimento a qualquer custo, pois nesse particular aspecto, grande parte dos congressistas tem revelado excepcional criatividade. Finalmente, cabe comentar o lamento perceptível e o apelo final. Assim entendi a menção do membro do Comitê de Combate à Corrupção Eleitoral ao amor dos eleitores pelo lugar de seu nascimento ou residência. Nesse caso, o advogado e sociólogo descuidou-se de uma particularidade - o dinheiro erguido como superior a qualquer outro valor que se lhe oponha. Pelo menos, sua capacidade de tudo comprar, de que decorre o poder de tudo modificar. Em especial, no que concerne aos conceitos de amor, justiça e humanidade.

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