Ouvi pela primeira vez a expressão inglesa, logo ela me impressionou. Analfabeto convicto na língua de Shakespeare, dei tanta importância e vi tanta relevância no ouvido da boca de uma autoridade, que logo corri ao dicionário. Falava o almirante que preside a ANVISA, o médico Barra Torres. Repetitivamente solicitado a responder sobre seu grau de adesão à charlatanice, o médico-militar em nenhum momento se contradisse. Mais de uma vez mostrou-se avesso à recomendação da hidroxicloroquina como medicamento útil à prevenção da covid-19. Tantas vezes quantas defendeu a absoluta isenção da Agência e, mais que isso, a ilegitimidade de o órgão que dirige intervir na prática criminosa. Porque a ANVISA não pode, segundo ele disse, com firmeza, convicção e respeito republicano, meter-se em problema afastado de sua área de atuação. No caso, a bula dos remédios devida e legalmente registrados. A atuação da Agência de Vigilância, portanto, não se imiscui em práticas off-label, repetiu o almirante Barra Torres a quantos o interrogaram sobre o assunto. No dicionário de língua inglesa, lembrando-me de que sou advogado, encontrei resposta para a terrível dúvida que me levou à prateleira da estante em que ele e seus colegas de outras línguas se acomodam. Off-label bem que pode ser traduzido como marginal. O que está fora do preceito legal, o que corre paralelo à Lei ou norma a que se deva subordinar. É bem o caso de uma bula de remédio, protegida por hierarquia de normas jurídicas atentas à saúde dos pacientes e usuários de medicamentos aprovados por quem de direito. A prudência e a firmeza com que se manifestou o Presidente da ANVISA justificou, então, o que teria sido um "estrebuchamento" do Presidente da República, noticiado simultaneamente ao depoimento do almirante Barra Torres, pela rede Antagonista, de que o lamentável jornalista Diego Mainardi é um dos proprietários e editores. Pelo menos desse pecado o depoente de ontem não pode ser acusado: dar cobertura aos marginais, seja qual for o assunto e que posto da república ele ocupe. Desta vez, as forças armadas vão sair bem na foto. Tudo depende dos outros... Para que Barra Torres não seja forçado a dizer se agiu como médico ou como militar. Ele é ambas as coisas.
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