A edição sabadomingueira de A Crítica deste último dia do mês, o dia das bruxas da metrópole, traz interessante informação: seis dos onze candidatos a prefeito prometem armar a Guarda Municipal. Usarei aqui, a meu critério, a presunção de inocência para manifestar minha rejeição a esse propósito. Seja qual for o pretexto usado ostensivamente, ou o interesse cuidadosamente ocultado, não encontro razão minimamente sensata para pôr arma nas mãos dos membros da Guarda. Mostrem-me os defensores dessa proposta qual tem sido o resultado benéfico do uso de arma e talvez possa modificar meu entendimento a respeito do assunto. Ao que se sabe, é expressivo o número de crimes contra a vida praticados por pessoas consideradas de boa índole, apenas e simplesmente porque uma arma lhes conferiu, não a coragem inexistente, mas as condições de responder a uma afronta. Às vezes, apenas suposta. Para não ser repetitivo em demasia, nem cansar o leitor, afirmo que ninguém compra nada que nunca pretenderá usar. Altercações entre condutores de carros das quais resultam homicídios ocupam numerosas páginas dos registros policiais. Sem a arma, o valentão armado sempre esconderá o covarde revoltado com sua própria covardia. Considerando a finalidade daquele setor do Executivo do Município, soa exagerado facilitar um disparo de arma de fogo contra alguém supostamente interessado em causar dano ao património público. Seria necessário ignorar totalmente fenômeno corriqueiro e equivocamente chamado bala perdida, e das tantas vidas que ele tem sacrificado. Mesmo as armas que se dizem destituídas de poder letal concorrem para o clima de violência, não sendo poucos os efeitos perversos e permanentes causados às pessoas por elas vitimadas. Basta recorrer aos registros policiais para saber disso. Se admitimos o uso da violência como único remédio para conter a violência, melhor será andar nas quatro patas e comer capim... Revelará maior coerência.
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