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Bolsonaro será preso e só será mártir para idiotas’, diz Marcelo Amil, voz incendiária da esquerda amazonense em entrevista exclusiva

Marcelo Amil analisa o declínio do bolsonarismo e os desafios da esquerda: ‘Democracia se defende com leis e coragem’

PERFIL POLÍTICO AM


Nesta entrevista exclusiva, o ativista analisa com rigor o momento político, desde o julgamento dos golpistas até os desafios de construir uma esquerda forte no Norte do país. 

 

1. Como você avalia o atual cenário político nacional? 

"O grande desafio é impedir que o fascismo volte ao poder na esfera federal. Derrotamos Bolsonaro, mas o bolsonarismo ainda vive. O julgamento do golpe é imprescindível para manter a democracia, mas simultaneamente temos demandas urgentes de governo a atender, como a carestia dos preços, por exemplo." 

 

2. O STF foi essencial para conter o bolsonarismo. Há riscos de ativismo judicial? 

"Há um livro muito interessante chamado 'Como as Democracias Morrem', e nele o autor menciona os muros de contenção da democracia. No exemplo brasileiro, podemos dizer sem dúvida que o STF foi o muro que o fascismo não conseguiu transpor. Bolsonaro sequestrou o Congresso e o MP, e se não fosse a atuação firme do STF, provavelmente ele teria conseguido acabar com a democracia no Brasil. Todas as ações do STF nesse sentido respeitaram integralmente o devido processo legal e as normas constitucionais." 

 

3. Mas essa postura do STF não alimentou a polarização? 

"Essa postura se mostrou essencial à sobrevivência da democracia. Quando se fala de polarização, a única leitura intelectualmente honesta é que num polo temos a defesa da democracia, e no outro, sua morte. Não enxergo que o STF tenha inflamado desconfiança. Aqueles que dizem não confiar no STF são os mesmos que defendem o fim da democracia. Discordar de decisões de uma corte legalmente estabelecida é uma coisa; querer suplantá-la, como o bolsonarismo vem fazendo, é outra completamente diferente." 

 

4. O bolsonarismo ainda mobiliza. Como quebrar esse ciclo? 

"Essas mobilizações estão cada vez menores. Um claro exemplo disso foi a manifestação no RJ, onde esperavam um milhão de pessoas e não tinham nem vinte mil. A própria bancada bolsonarista no Congresso se mostra cada vez mais fragilizada. O bolsonarismo não será extinto porque ele não nasceu. Ele apenas deu voz a características escrotas da sociedade. O que é necessário é que essa voz seja enfrentada com ideias e, quando passarem do limite civilizatório, sejam punidas judicialmente. Eles não precisam deixar de existir. Precisam entender que são incivilizados e calarem a porra da boca." 

 

5. Como evitar que Bolsonaro preso vire mártir? 

"Não enxergo esse dilema. Bolsonaro, quando for preso – e ele será preso –, só será mártir para quem hoje já o tem como herói. E as pessoas têm o direito de ser idiotas e adorarem quem quiserem, desde que respeitem as leis." 

 

6. O governo está subestimando o risco de rearticulação bolsonarista? 

"Não acho que o governo esteja subestimando isso. Na verdade, enxergo que o campo progressista aprendeu que esses sujeitos não devem nunca ser subestimados. As instituições estão demonstrando cada vez mais um retorno à normalidade democrática. Muitos dos golpistas do 8 de janeiro foram presos em flagrante, os que tiveram condutas mais graves foram devidamente condenados, e agora, com a aceitação da denúncia contra Bolsonaro, Braga Neto e Heleno, entre outros, temos um cenário inédito no Brasil: a responsabilização de quem tenta dar golpe de Estado. Enxergo que esse é o caminho. Responsabilização dentro da lei." 

 

7. Você foi candidato a deputado federal em 2018 e a prefeito em 2020, além de ter sido pré-candidato ao governo do Amazonas em 2022 – antes de ser afastado por conflitos internos no partido. Diante desse histórico e do atual cenário, você pretende concorrer em 2026? Se sim, em qual cargo (governo, senado ou Câmara)? E como avalia o papel da esquerda amazonense nessa disputa, que terá o pano de fundo da sucessão nacional?

“Eu sou um homem de partido e um militante inveterado. Sim, meu nome continua à disposição do partido e principalmente do campo democrático. Minha predileção é por eleições majoritárias, senado ou governo, mas se na federação conseguirmos construir uma chapa viável pra conquistar um mandato, eu teria todo meu empenho em contribuir com isso.

 

Com a mesma firmeza que marcou sua atuação em Manaus, Amil deixa claro: "Democracia se defende com leis e coragem." Seu discurso sintetiza o desafio de uma geração que viu a democracia à beira do abismo e agora trabalha para garantir que ela sobreviva – na Amazônia e no Brasil. 

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